No dia 18 de setembro de 2020, moradores da comunidade do Paiol entraram em contato com o site, relatando um abuso de autoridade ocorrido na região. Na ocasião, fomos informados que o Chefe da Procuradoria-Geral do Município de Virgem da Lapa, teria cometido o abuso ao fechar e trancar com cadeado o espaço do antigo prédio da Escola Municipal Cel. Basílio Araújo, construído em 1968, para que o povo da comunidade Paiol não tivesse acesso. Segundo informações, a intenção era derrubar o patrimônio histórico para construir uma casa e uma pequena chácara para seu próprio lazer, se apossando do local, e que inclusive, já havia iniciado o processo de retirada de todas as telhas.
Na ocasião, após os moradores se manifestarem, o responsável manteve o espaço trancado, não apareceu para se justificar e nem retornou para refazer o telhado que derrubou. Em todo o momento, lembravam que o período de chuva se aproxima e, caso o prédio permaneça como se encontra até o momento, este corre sério risco de desmoronar.
Segundo eles, nenhum morador da Comunidade Paiol foi consultado, sendo, para eles, uma infeliz surpresa encontrar o prédio da escola no estado atual.
Como dito por eles, a identidade de um povo corresponde ao seu processo de construção cultural. Analisar o passado, através da memória, possibilita reconhecer, questionar e compreender a história de cada lugar. Hoje, homens e mulheres realizados, que passaram por ali, veem a sua memória ameaçada. Virgem da Lapa, é um município rico em sua cultura e história, infelizmente, seu patrimônio material sofreu e sofre imenso descaso. Tal fato, é percebido com a situação em questão, na qual há um contínuo desinteresse e desrespeito pela manutenção da memória do nosso povo.
Cabe ainda relatar, que, conforme informação de um dos moradores, o Prefeito Municipal convocou uma reunião com os moradores para o dia 14 de setembro de 2020, às 17 horas, com o objetivo de discutir sobre o ocorrido com o prédio da Escola, porém este não compareceu à reunião. Logo depois, visitou a residência de outro morador da referida comunidade, onde afirmou que realmente foi o procurador-geral do município, o responsável pela invasão. Durante a conversa, o mesmo teria feito a proposta de derrubar o antigo prédio e construir um quartinho, anexo a um pequeno galpão no lugar do patrimônio público, construído a mais de meio século pelo saudoso Dr. Ciro Gomes, afirmando ainda que não havia necessidade de uma construção no mesmo tamanho do prédio existente.
O morador afirma que anteriormente, a comunidade já havia colocado areia no local para realizar um mutirão comunitário, com a intuição de reformar o prédio antes do ocorrido, e que jamais aceitariam a proposta do prefeito, pois a comunidade não quer uma construção nova, o povo quer preservar a sua memória.
Devemos nos calar diante deste imenso desrespeito?
Um Procurador-Geral do município deveria, entre as suas atribuições de defender, proteger e preservar a memória de um povo, apropriar-se de um patrimônio público?
Quantos, hoje, são professores e um dia foram alunos e frequentaram aquela escola?
Quantas missas foram celebradas, quantas pessoas foram batizadas e receberam a sua primeira eucaristia naquele prédio, o qual era o único espaço de encontros naquela época?
Quantas pessoas que já se foram e deixaram ali marcas de sua história?
Quantos mestres, quiçá doutores, tiveram a sua história iniciada naquele prédio?
Os moradores estão disponíveis para quaisquer esclarecimentos sobre o caso!
Fotos do local enviadas por moradores:
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