Protagonistas de mais um desentendimento no fim de semana, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, trocam acusações desde antes do integrante do governo Jair Bolsonaro assumir oficialmente o posto.
Em 22 de março, um dia antes da posse de Queiroga, Doria reclamava que o Ministério da Saúde estava sem dono. "Nós temos dois ministros e, na verdade, não temos nenhum”, criticou o tucano, irritado com o impasse na pasta em meio à pandemia de covid-19 no país. O sucessor de Eduardo Pazuello havia sido anunciado uma semana antes, mas só foi efetivado no cargo oito dias depois.
Na ocasião, durante entrevista coletiva, Doria mostrou confiança no novo ministro e revelou uma ligação telefônica de Queiroga com o objetivo de melhorar o diálogo do governo federal com São Paulo.
A boa relação, no entanto, não decolou.
Em meados de abril, o governador acusou o Ministério da Saúde de ineficiência na distribuição de kits de intubação.
Queiroga reagiu dizendo que era preciso união dos entes federativos e não ajudava em nada "empurrar o problema para o Ministério da Saúde”.
Doria respondeu: "O governo federal requisitou 100% dessa medicação produzida no Brasil. Logo, é responsável pela distribuição aos entes federativos”.
Um novo capítulo da briga entre os dois ocorreu em 4 de junho, quando Doria reclamou que São Paulo ficou, "surpreendentemente", sem as vacinas de um carregamento de 936 mil doses da Pfizer recebido durante aquela semana.
“A resposta do Ministério da Saúde é que hoje (quinta-feira) é feriado [de Corpus Christi]. Pelo visto, para o governo federal, vidas não importam”, atacou Doria.
A reação foi dura. “Senhor governador, antes de emitir esse tipo de comunicado, informe-se com seu secretário de Saúde como funciona a tripartite. Daí, conversamos. Pare de palanque. Precisamos unir o Brasil”, respondeu Queiroga.
Doria retrucou o ministro da Saúde com o número de 2 mil mortes por covid-19 registradas na ocasião. “É uma vergonha o senhor achar normal guardar vacina na prateleira porque é feriado. Tripartite para mim é vacina no braço. Somos servidores públicos. Temos a missão de vacinar os brasileiros com urgência”, completou.
No último fim de semana, o mais recente enfrentamento ocorreu pelas redes sociais.
Doria anunciou em uma entrevista coletiva, mas também em seu Twitter a antecipação da campanha de vacinação contra covid no estado, com previsão de aplicação em todo os paulistas com mais de 18 anos até setembro. Um dos comentários do post era de Queiroga, que disse isso só seria possível graças às entregas dos imunizantes, feitas pelo governo federal.
Doria devolveu: "Quanto recalque, ministro. Bom domingo e uma ótima semana. Por aqui, vacinando."
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